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  • Foto do escritorGilson Nunes Maia

14° Dia - O NINHO DA ÁGUIA E O FLUIDO DE FREIO - nos Alpes de Berchtesgaden

Atualizado: 24 de ago. de 2021



Bischofswiesen, 07/08/2019 - quarta-feira


O Ninho da Águia! - 1.834 metros de altitude.

Para chegar aqui você tem que comprar o bilhete, identificar o seu ônibus, esperar pacientemente que dê a hora da partida, no horário exato, disputar espaço com uma multidão de turistas (chineses, franceses, italianos, um ou dois brasileiros). Pegar um ônibus cheio de regras, com motoristas extremamente treinados, com muita responsabilidade e habilidade.


Sete quilômetros de subida vencendo o desnível de 672 metros com muitas curvas, e cinco túneis, sempre margeando o penhasco.


São quatro ônibus que partem em comboio subindo, e quatro descendo, a cada vinte e cinco minutos. Com estratégia de parada sincronizada no período de descida em ponto regularmente marcado após o túnel, para permitir que os que estão subindo não parem. O ônibus é um MAN super equipado para esse trajeto.

Estacionamento junto ao restaurante, do Centro de Documentação Obersalzberg e ao lado da Estação de ônibus Kehlsteinhaus, de onde partem os ônibus que levam ao Ninho da Águia.



Ao chegar você precisa imediatamente marcar o retorno num guichê próximo. Pronto. Agora você precisa localizar a entrada, que não é difícil, pois tudo está bem sinalizado (em alemão, é claro!). Passando o portal você se depara com um túnel escuro, que dá medo. Comprido, com paredes completamente úmidas, gelado, como se estivesse entrando em um freezer, com pedras assentadas com o rigor das do Egito. Afinal de contas por ali passava o Führer.


No final deste trajeto você entra em um elevador lotado, com ascensorista caracterizado. E sobe por 124 metros em 41 segundos. Pronto, você está no Ninho da Águia (Kehlsteinhaus). Bem que poderia ser o ninho da gralha. Há muitas lá em cima.


Para contemplar a vista você ainda precisa subir as várias trilhas com sua própria energia, correndo grande risco de cair a qualquer momento ao desviar das pedras pontiagudas e das pessoas que sobem e descem sem parar, bebendo e comendo, fotografando e filmando o tempo todo. Mas é bom. A vista é magnífica.


Fim do trecho do ônibus em frente à entrada do túnel. Lá no topo do penhasco a Kehlsteinhaus (casa da Pedra da Garganta ou Ninho da Águia).

Desconfortável diante da entrada do túnel construído em 1938.



A casa é um dos poucos edifícios construído pelo regime nazista que não foi destruído, talvez porque não tivesse uma importância histórico-política tão significativa, ou porque os generais americanos gostaram da ambiência, vai saber... O nome se refere ao animal presente no brasão de armas do país. Mas a águia não é só um brasão, a águia-real vive protegida nestas montanhas do Parque Nacional de Berchtesgaden, um de seus refúgios que a protegem do risco de extinção. Mas não vimos nenhuma naquele dia. No no ano anterior tivemos mais sorte (veja aqui). (Relato da Bárbara)


Atualmente a casa abriga um restaurante, e na varanda envidraçada voltada para o Königssee há uma exposição sobre a história da casa.


Uma vez no topo percebe-se o misto de paisagem e sítio histórico, onde o elemento natural domina. O conjunto da estrada, túneis, elevador e casa implantados à força e determinação nesta montanha é um feito da engenharia e arquitetura. Se naqueles tempos sombrios apenas poderosos do partido nazista podiam ter a perspectiva de uma ave de rapina, hoje qualquer pessoa pode colocar os olhos no horizonte com a consciência que os fatos históricos legaram. (Relato da Bárbara)


"Gilson acabou se rendendo aos encantos da altitude, a aridez florida, a exuberância da encosta íngreme, à vista a 360° que alcança quilômetros. A sudoeste o lago Königssee, que visitamos no dia anterior, a nordeste Salzburg é visível apagadinha na névoa, e a sudeste a cordilheira Steinerne Meer, o mar de pedras que abrange a área entre Watzmann, Königssee e Hochkönig. Daqui se pode escolher uma das muitas trilhas para percorrer." (Relato da Bárbara)


Quando decidimos inverter o roteiro nesta parte da viagem para driblar o mau tempo, já estava previsto a chance deste dia ser chuvoso. Previsto e confirmado. Nuvens escuras enormes se aproximavam pelo sul, cobrindo parcialmente a vista do lago. Era hora de voltar, antes que a chuva despencasse. (Relato da Bárbara)




Retornamos com o elevador ao nível do túnel meia hora mais cedo e não tivemos problema para embarcar em outro ônibus antes daquele agendado. A descida pela estrada estreita foi ainda mais impactante que a subida. Pegamos a moto no estacionamento para voltar ao hotel e seguimos pelo caminho mais longo descendo pela floresta. Num certo momento da descida íngreme, Gilson ficou tenso..." (relato da Bárbara)


Sem Freio!

Quando precisei do freio, senti o pedal afundando completamente e a moto não obedecer ao comando. Usei o freio dianteiro com cautela. Para piorar começava a chover. Eu não acreditei!


Cheguei a pensar (de forma infantil e preconceituosa) na possibilidade de sabotagem. Enganei-me completamente. Paramos mais adiante sob uma marquise com chuva intensa. Ficamos avaliando o que poderia ter acontecido. Eu já estava supondo mangueira cortada ou arrebentada ou até mesmo pastilhas completamente gastas fazendo com que o fluído tenha vazado pelos pistões da pinça. Mas, observando atentamente toda a tubulação, o cilindro mestre, a pinça, não houve qualquer constatação desses fenômenos.


Tudo estava íntegro, exceto que o tal fluído apresentava uma coloração escura remetendo a possibilidade de tratar-se de um fluído velho. E era! A Bárbara chamou a atenção para o fato que no ano passado substituímos as pastilhas e o fluído de freio, porém......!


Relembrando o ano de 2018 quando estávamos em Bad Bayersoien (veja aqui): O fluído foi cedido pelo Franz, um agricultor vizinho do hotel, que se ofereceu para ajudar. Ele tem vários tratores, duas motos KTM, que divide com seu filho e, no elevacar de seu rancho, no meio de muitas peças de tratores, tem um veículo AUDI antigo que eles estavam reformando. Naquela manutenção do freio utilizei de forma emergencial o fluído de freio para tratores que Franz trouxe. Porém, o que eu já sabia, mas não dei importância, é que além de velho (o fluido estava na moto já há um ano), não era adequado para utilizar em moto daquela natureza.


Percebi o erro que eu cometera. Primeiro não dei importância para o que a Bárbara me alertara. Antes de iniciarmos nossa aventura, Bárbara cuidadosamente relatou em planilha, elabora ainda no Brasil, vários itens, incluindo a substituição dos fluidos de freio. Deixei a manutenção preventiva de lado e agora estava tentando contornar o problema fazendo a manutenção corretiva, o que poderia ter me custado bem mais caro, se não fosse o fator, digamos, sorte.


O que pode ter acontecido?

  1. Conforme a física clássica, um corpo em movimento adquire energia cinética.

  2. Na descida do estacionamento até o vale são 10km com elevada inclinação e muitas curvas, exigindo muito do freio.

  3. O sistema de freios comprime pastilhas contra os discos, forçando as rodas a pararem através de forças de atrito.

  4. O atrito das pastilhas de freio no disco gera muito calor, trata-se da energia relacionado com a massa e com a velocidade.

  5. A função do freio é transformar a energia cinética de movimento do veículo, em energia térmica, que depois será dissipada nos freios em forma de calor.

  6. A energia térmica é dissipada através de três componentes bem conhecidos; condução, convecção e radiação, nesta ordem de grandeza. 90% do calor gerado na frenagem é dissipado no disco de freio (o que se observa nos discos de freio da Fórmula 1, que vão ao rubro) e somente 10% desse mesmo calor é dissipado nas pastilhas de freio, e a maior porção deste calor dissipa-se por condução e convecção,

  7. O processo de dissipação do calor por condução ocorre através dos componentes do freio, cubo de roda, rolamentos, suportes, disco e tambor de freio, fluido de freio, etc.

  8. A transferência de calor do freio por condução é um meio efetivo de dissipação de energia térmica, mas apresenta consequências ao redor de seus componentes, como danos em vedações em geral (minha primeira suspeita), problemas em rolamentos de rodas ou vaporização do fluido de freio.

  9. Os fluidos de freios estão classificados pela sigla “DOT”, que é a sigla para o "Department Of Transportation" dos Estados Unidos da América. As especificações DOT são uma medida da qualidade dos fluidos de freio e estão classificadas de acordo com o seu ponto de ebulição.


Conclusão:

- É isso! - O fabricante recomenda DOT4 para este tipo de motocicleta. Por ser inadequado para aquele tipo de uso, o fluido presente na moto vaporizou no reservatório da pinça, gerando bolhas de ar que permitiram que o pedal se deslocasse sem de fato pressionar as pastilhas. O ar é compressível, toda a força aplicada no pedal para acionar a pinça dissipou-se na compressão dos vapores sem transferir para os cilindros de freio, como era de se esperar. Ficamos sem o freio traseiro.



"Putz! Como deixamos isso acontecer?

Durante a Saga dos Pneus, procuramos uma oficina onde queríamos não só substituir os pneus, mas também o fluido dos dois sistemas de freio. Por causa da alta temporada, foi tão difícil conseguir os pneus que, quando finalmente fizemos a troca, esqueci a substituição do fluido...! Esclarecida a causa do problema, compramos o fluido recomendado pelo fabricante num posto de abastecimento e fomos nos proteger da chuva debaixo da cobertura do supermercado. Aproveitamos para fazer compras, porque nosso plano era seguir viagem para a Áustria no dia seguinte... Na volta ao hotel o funcionamento do freio se normalizou, porque o fluido voltou à temperatura operacional. Apesar de Gilson ter subestimado a importância do fluido adequado, sua experiência como piloto permitiu chegarmos ao vale e retornar ao hotel em segurança, entender o fenômeno e proceder a correção." (relato da Bárbara)

 
Dia em Números:

Deslocamento: Trajeto circular de Bischofswiesen ao Ninho da Águia.

  • Distância percorrida de moto = 29,8km ≈ Duração = 32min

  • Distância percorrida de ônibus = 14km ≈ Duração = 41min

  • Início 12h07min - Fim 17h45min.

  • Atrações: Kehlsteinhaus (2h);


Despesas Básicas:

  • Deslocamento € 1,50

  • Hospedagem € 95,20

  • Alimentação € 26,79

  • Ingressos €30,20

  • SUBTOTAL A - € 153,69


Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 8,99

  • SUBTOTAL B - € 8,99

 
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