Bárbara
- 30 de dez. de 2020

A ESTRADA DO PASSO DEL ROMBO (TIMMELSJOCH) – Itália x Áustria

Atualizado: 8 de fev. de 2023

Como é a estrada?

Localizada nos Alpes, a estrada do Passo del Rombo (Timmelsjoch) conecta San Leonard in Passíria, no norte da Itália, a Sölden, no sul da Áustria. Ela liga os vales de Ötz, onde foi encontrada Ötzi e múmia de 5.300 anos, com o Vale do Rio Passer, atravessando o passo del Rombo (ou Timmelsjoch, em austríaco) que é a passagem de montanha mais alta da Áustria (2.509 m) e no ranking das estradas de altitude asfaltadas, a terceira mais elevada neste país.

Um passeio emocionante de 53 km por uma estrada desafiadora que combina ecologia, arte, história, tecnologia da construção e turismo rodoviário. Os vales são repletos de pequenas vilas alpinas banhadas por rios e riachos de água de degelo e florestas de coníferas ao fundo. Na linha do gelo, onde reinam a rocha, a vista e o vento é onde as rampas da estrada ficam mais inclinadas e as curvas apertadas. A subida de 33 km de Moso in Passiria até o Passo conta com alguns túneis e uma média estimada de 1 curva a cada 20 metros!

Qual o melhor sentido para percorrer a estrada?

Percorremos a estrada duas vezes: nosso primeiro contato foi num dia de primavera com céu claro e havia neve acumulada nas bordas da estrada que em alguns pontos chegava a 2 metros de altura, num percurso ligando dois destinos, entre sul da Alemanha e pernoitando em Merano no norte da Itália. Neste dia de deslocamento não paramos para conhecer os atrativos do percurso, mas gostamos tanto que decidimos voltar para conhecer tudo com mais calma. Nossa segunda passagem pela estrada foi no verão do ano seguinte. Nesta passagem tratamos a estrada como a atração turística que ela é, e paramos para conhecer seus atrativos. Seguimos no sentido inverso do ano anterior, saindo de Valtina, na Itália, e pernoitando em Krühn, no sul da Alemanha. Programamos o dia inteiro para o trajeto que foi tão emocionante como se fosse a primeira vez.

Se tiver vontade leia nossos relatos destes dias. O link está abaixo em "Continue a Leitura". Particularmente achei mais fácil fazer o sentido Leonardo in Passíria a Sölden (da Itália para a Áustria). A rampa italiana tem inclinações mais acentuadas, parece ser mais longa e com uma sequência de curvas mais numerosa, o que aumenta o grau de dificuldade para descer por aí. Mas isso só a deixou essa descida mais emocionante e gostamos demais!

A maior parte dos visitantes compra o ticket de ida e volta, e passa o dia inteiro na estrada, indo e voltando. Recomendo seguir este exemplo, pois cada ângulo revela novas surpresas, o clima na montanha também pode mudar muito ao longo do dia oferecendo novas formas de vivenciar a estrada e o cenário.

Qual o preço do pedágio?

Nós pagamos 14 euros estando com nossa moto e optando pelo ticket one-way, em 2019. Há tickets para ir e voltar, sendo que a volta não precisa ser no mesmo dia. Ela pode ocorrer em qualquer dia dentro da mesma temporada, uma boa dica para quem pretende usar a estrada para ir a algum destino e depois voltar pelo mesmo caminho dias depois. Verifique os tipos de tickets e seus respectivos valores no site oficial (aqui).

Quanto tempo reservar?

Reserve um dia inteiro para percorrer a estrada. Apesar de a distância ser curta, a velocidade nas montanhas é baixa e seria um desperdício deixar de conhecer todos os mirantes e atrações. Se for possível, reserve ao menos três dias inteiros para conhecer a região, pois ela tem muito a oferecer. Nossos companheiros de pousada reservaram uma semana inteira na sua estada e chegaram a ir num bate-e-volta até o Lago di Garda. A região é motorcycle friendly e tem cidades animadas, aldeias alpinas, museus incríveis de arte e história e várias passagens de montanha, como o Passo Giovo ali ao lado e o Passo Dello Stelvio pouco mais adiante, além de ficar a poucas horas de distância das Dolomitas.

Como circular?

A ausência de acostamento representa um perigo para circulação de pedestres e ciclistas, que ficam mais vulneráveis. Por isso a atenção deve ser redobrada, tanto para eles como para quem circula de forma motorizada.

A estrada tem temporada de abertura e horário de circulação, além de limites de comprimento e peso para os veículos que circulam nela, verifique aqui.

Quem se hospedar no Vale de Ötz, no lado Austríaco, e tiver o Ötztal Card conta com transporte público gratuito na Estrada do Passo del Rombo. É muito comum as aldeias oferecerem um cartão de vantagens a turistas que se hospedam em pousadas com registro oficial no município. Esses cartões de vantagem geralmente oferecem desconto em estacionamentos, e em algumas atrações e serviços. Geralmente permitem o uso gratuito do transporte público.

Quando ir?

A qualquer época do ano. Cada estação do ano tem atrações específicas a oferecer. Para percorrer a estrada, verifique as datas e horários de cada temporada no site oficial, pois ela fica aberta apenas entre meados de maio a final de outubro.

Atrativos:

Além da estrada que é um atrativo por si só há outros atrativos que valem uma parada para visitação:

A VILA DE MOSO IN PASSÍRIA, OS IBEX E O BUNKER MUSEUM

Moso in Passíria é uma pequena vila alpina no início da estrada em território Italiano que pode servir de excelente base para conhecer a região. Este é um território culturalmente misto e mais parecido com a Áustria que com a Itália, e atualmente tem um forte movimento separatista. Ali existe um Bunker da segunda guerra mundial que fazia parte de um sistema defensivo do Alto Ágide, a fronteira norte da Itália fascista com sua aliada de desconfiança mútua, a Alemanha nazista.

Escavado na rocha para servir de arsenal na segunda Guerra mundial, o Bunker nunca foi utilizado com essa finalidade. Convertido em museu dedicado à natureza e história do Vale do Passer, é um importante centro de informações sobre o Parque Natural do Grupo Texel, a massiva cordilheira alpina na fronteira entre Itália e Áustria. Na bilheteria são oferecidos casacos, muito úteis no interior escuro e gelado ao som de goteiras. Uma escada em caracol com 177 degraus leva a um platô da montanha. A paisagem dali é linda! Daqui longas escadas metálicas externas levam através da uma alta e densa floresta de pinheiros atravessando o recinto dos Ibex. Esta cabra montanhesa selvagem é adaptada à vida nas encostas íngremes dos Alpes. É uma espécie protegida, quase extinta pela caça, e apenas duas famílias vivem neste recinto. Trata-se de um projeto de reprodução e reinserção em seu habitat natural.

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EXPERIÊNCIA TIMMELSJOCH

No traçado oficial da Estrada do Passo del Rombo o cenário do vale é espetacular e pode ser desfrutado na Experiência Timmelsjoch, um projeto premiado do arquiteto Werner Tscholl, composto de seis construções minimalistas e escultóricas que criam mirantes gratuitos perfeitos nesta paisagem cheia de precipícios. Os locais de parada são importantes porque a estrada não tem acostamento. É uma estrada estreita (4 a 6 metros) de pista simples e cheia de restrições, que só fica aberta entre meados de maio a final de outubro por causa da neve, e apenas durante o dia, por ser perigosa.

- GRANAT (Granada)

É a primeira estação moldada à semelhança da geometria desta formação geológica presente no Vale do Passer. O interior conta com uma exposição sobre o sistema defensivo de seis bunkers, sobre as mais altas cachoeiras e a vila com o maior número de crianças no Alto Ágide. Uma plataforma metálica vazada leva à segunda construção igualmente escultural, mas transparente, colada perigosamente à encosta cercada de vento com a fantástica paisagem de Moso in Passiria a seus pés.

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- TELESCÓPIO

Na altura onde as árvores cedem paisagem aos campos de onde emergem massas rochosas, surge a segunda estação da Experiência Timmelsjoch: O Telescópio. Moldado na mesma linguagem arquitetônica que o anterior, a forma imita um telescópio desconstruído e convida a entrar em seus tubos. Eles emolduram a paisagem do Parque Natural Grupo Texel direcionando a vista para o Granatkogel, com seus 3.304 m, e o Hoher Firts, com 3.403m, os picos mais altos da cordilheira. A sucinta exposição em seu interior aborda informações sobre a geologia da parte alta no vale do Passer, sobre suas formações rochosas e a cabra montanhesa (Ibex).

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- O MUSEU DO PASSO

A 2.509 m de altitude localiza-se o passo da montanha. Aqui chegamos a mais uma estação da Experiência Timmelsjoch, o MUSEU DO PASSO, ancorado num balaço desafiador na direção da fronteira com a Itália. No interior, uma homenagem aos esforços dos pioneiros em construir a estrada, numa época de transição do trabalho braçal para o mecânico em terreno hostil. Fotos em tamanho maxi retratam a dificuldade da empreitada, e a determinação pioneira beirando a insanidade que transformou uma simples trilha de contrabandistas numa das mais belas estradas turísticas de alta montanha da Europa...

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- CONTRABANDISTAS

Daqui pra frente é só descida, que inicia com uma sequência de curvas curtas e fechadas até chegar a uma longa reta que permite absorver a grandiosidade da vista com calma. Ali, ao lado de um córrego, protegida pelas encostas e parecendo um pacote abandonado, fica outra estação da Experiência Timmelsjoch: CONTRABANDISTAS. O cubo em concreto colorido com acesso ao interior pela forma da silhueta humana, uma interessante brincadeira que desperta a curiosidade pelo conteúdo secreto em seu interior. Trata-se de uma pequena exposição dedicada à história dos contrabandistas que utilizavam uma antiga trilha com traçado parecido ao da atual estrada para transportar artigos escassos durante as duas guerras mundiais.

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- A PRANCHA

Com sua forma escultórica em concreto armado pigmentado de rosa é a última construção minimalista do conjunto. Ela abriga uma exposição sobre os assentamentos humanos, formação das geleiras e florestas de pinheiros no Vale de Ötz. Da PRANCHA tem-se uma vista incrível sobre o vale onde foi encontrado Ötzi, a Múmia da geleira de 5.300 anos.

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O TOP MOUNTAIN CROSSPOINT E O MUSEU DA MOTOCICLETA

O posto de pedágio está localizado junto ao Top Mountain Crosspoint , uma belíssima obra arquitetônica em madeira projetada pelo arquiteto austríaco Michael Brötz e administrada pelos irmãos Attila e Alban Scheiber, que inclui o museu de motocicletas, terraços, restaurante e a estação de teleférico. O terraço amplo e ensolarado convida a uma parada para um delicioso sorvete e cerveja sem álcool em companhia de todo o estilo de motociclista, de todas as idades e gêneros.

O Museu da Motocicleta é o museu de maior altitude do gênero na Europa, com 320 exemplares de 120 fabricantes expostos num amplo e belo salão localizado no segundo piso. Alguns exemplares são bem raros e a coleção é muito interessante. A construção foi parcialmente consumida por um incêndio na madrugada de 18 de janeiro de 2021. O prédio, com sua bela arquitetura curvilínea, quase inteiramente feito de madeira e inaugurado em 2016, sofreu graves danos. O Museu da Motocicleta, seu acervo com alguns exemplares raros, e as estações de pedágio abaixo dele foram completamente consumidos pelas chamas. Um evento trágico para os amantes de arquitetura e do motociclismo. Esperamos sinceramente que o edifício possa ser reconstruído e a coleção de alguma forma reestabelecida. Infelizmente alguns exemplares raros e originais se perderam e talvez jamais possam ser substituídos.

O VALE DE ÖTZ

A descida pelo vale de Ötz é cênica e repleta de curvas e surpresas, acompanhando o traçado do rio Ötztaler Ache que nasce como um fio de degelo e termina num caudaloso rio de águas turquesas adensadas por partículas acinzentadas levadas pela erosão. A descida é repentina, seguida de um longo percurso descendo pelo vale com muitas pequenas vilas alpinas turísticas. Sölden marca o fim do trajeto oficial da estrada às margens do rio caudaloso.