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20° dia: O TEMPO E A TERRA DO VENTO - de Munique a Bad Kösen

Atualizado: 24 de ago. de 2021



CONTEÚDO DO POST:


Bad Kösen, 13 de agosto de 2019 - Terça-feira.

Numa viagem de moto há dias de turismo puro, outros de estradas panorâmicas e aqueles de simples deslocamentos entre um destino e outro. Este foi um dia de deslocamento. Antes de começarmos a viagem recebemos uma sugestão de roteiro de meu tio, bem diferente da rota que fizemos, mas cuja trajetória cruzava a nossa exatamente aonde chegaríamos neste dia em nosso deslocamento entre Munique e Berlim, uma região da antiga Alemanha Oriental, que manteve intocados exemplares de arquitetura histórica e paisagens culturais autênticas e ainda pouco exploradas pelo turismo de massa.


Tudo o que sabíamos a respeito deste lugar era o entusiasmo de meu tio pela sua descoberta turística e a indicação explícita e enfática de procurarmos pela bela Uta, sem maiores explicações sobre isto. Uma busca pelo desconhecido! Seria uma bela aventura no final da viagem!

O Maps não estava atualizado o que nos custou minutos preciosos burlando as indicações do navegador que insistia em nos conduzir pelas saídas de Munique fechadas por obras. Quando chegamos à autoestrada Gilson a explorou ao máximo, voando a 140 km/h. Foi a primeira vez que senti receio dele perder o controle. Mas Gilson estava seguro, lúcido, concentrado, no controle. Saímos de Munique com grossas nuvens no nosso encalço, e as deixamos para trás.


O ritmo da viagem foi diminuindo. Foram 360 km de Autoestrada, com duas paradas de descanso e uma de abastecimento. Na primeira encontramos um motociclista que estava numa peregrinação para visitar amigos e parentes antes de iniciar a vida acadêmica. Ele estava numa XR 400R com adaptações para Wheeling (estilo livre). Conversamos bastante e trocamos contatos.


As enormes planícies da Baviera cederam espaço para uma bela cadeia de montanhas e colinas com rios e florestas na divisa com o Estado da Turíngia e os abundantes painéis fotovoltaicos das ensolaradas terras do sul cederam espaço a geradores eólicos, aproveitando esta forma de energia sustentável disponível nesta região. Atravessamos todo Estado e chegamos ao de Saxônia-Anhalt.


Fizemos a última e mais longa parada da viagem num restaurante construído sobre a autoestrada, onde fomos atendidos por uma brasileira muito simpática. Depois do almoço farto e caro, que tomou uma hora, Gilson deitou nos bancos do estacionamento para tirar um cochilo, enquanto eu buscava hospedagem.


Quando Gilson descansa, ele dorme, e geralmente 15 minutos são suficientes para repor sua disposição. Mas desta vez ele dormiu profundamente por quase uma hora o que chamou a atenção dos policiais que passavam em ronda: um homem imóvel deitado no estacionamento? O que tá rolando? Quando Gilson se mexeu durante a segunda passagem eles entenderam que era apenas alguém descansando e perderam o interesse em nós.


A TERRA DO VENTO

De volta à autoestrada, logo chegamos à saída que nos levaria por estradas secundárias até o destino do dia, Bad Koesen. Atravessamos uma região rural, um platô com poucas ondulações no relevo onde o vento soprava sem bloqueios. Pequenos aglomerados de casas muito bem cuidadas, galpões de indústria química, grandes áreas plantadas de onde se destacavam geradores eólicos que agora podíamos ver de perto, e algumas vinícolas.


No acesso à Bad Kösen a estrada desce ao vale atravessando uma Reserva Natural que protege o platô de calcário marinho cortado pelo Rio Saale.


Bad Koesen é uma antiga estância hidromineral conhecida por suas terapias de águas de salmoura para tratamentos de saúde diversos, mas às 18h30min estava deserta e não havia uma alma na rua.


O HOTEL E O SPA

O hotel de três estrelas que se enquadrava em nosso limite orçamentário fica no centro a 200 metros do rio. A enorme construção com anexos de estilos e épocas diferentes parecia uma clínica de reabilitação ou um hospital de luxo, o que pudemos confirmar mais tarde ao lermos sobre sua história. Caramba! Eduard Munch, Franz Liszt, Otto von Bismark e Friedrich Nietsche estiveram hospedados aqui a seu tempo! Quando eu poderia imaginar que estaria hospedada no mesmo hotel que Munch!


Depois de instalados, fomos aproveitar o voucher oferecido pelo hotel para o Spa localizado na outra margem do rio. Gilson preferiria ficar descansando no hotel, mas insisti em levá-lo porque sabia do efeito positivo das termas sobre tensões musculares.


Não esperávamos tanto luxo e modernidade. Era tudo formal e burocrático. O staff da clínica não estava familiarizado com turistas estrangeiros. Alugamos toalhas, recebemos a pulseira de controle e lá fomos nós, nos embrenhar pelo labirinto lustroso.


Passamos no vestiário e chegamos à piscina coberta onde algumas pessoas nadavam ordeiramente e equidistantes em suas trajetórias imaginárias paralelas ao comprimento da piscina preenchida com a cálida água de salmoura vinda do subsolo.


Eu me senti uma ave exótica marinando antes de ser assada. As pessoas nos olhavam furtivamente, entre uma braçada e outra, talvez estranhando a sunga justinha do Gilson em contraste com os outros calções folgados, ou a brancura da minha pele saída do inverno brasileiro cercada pela melanina acumulada no auge do verão Europeu. Ou, quem sabe, foi nossa atitude que nos entregou, chegamos juntos e fizemos mais alongamentos e relaxamento que natação. E foi o que valeu!


Uma pena não poder aproveitar mais aquele bonito espaço. É que a recepção avisou que às 20h fecharia as portas sem buscar pelos clientes desatentos. Não quisemos arriscar ficar trancados e perder a chance de curtir nosso super quarto de hotel. Rá!


Foi constrangedor pedir informação a outro cliente, nú no vestiário, pela localização da saída. Quando finalmente a encontramos, a catraca teimosa não liberou nossa passagem. Depois de várias tentativas frustradas o recepcionista nos resgatou e informou que as pulseiras eram programadas para não liberar a saída quando havia uma toalha alugada em jogo. Tsc, tsc, tsc...


O RIO, PROMESSAS E COMIDA GREGA

As pessoas que saiam do Spa e caminhavam a nossa frente pelo parque apresentavam claras lesões de movimento e iam numa conversa alegre em tom baixo. Não havia mais ninguém na rua.


Demos uma volta na praça, atravessamos o rio e caminhamos mais um pouco pelo curioso centrinho de aspecto aristocrático, limpo e conservado. A robusta ponte de pedra atravessava o rio que forma um pequeno cânion de encostas íngremes e densamente arborizadas com uma fortificação lá no alto. A cidade se concentra espremida entre a curva do rio e a encosta. Havia uma estranha estrutura de madeira, como nunca vi igual, que subia do rio ao topo morro e lá em cima outra estrutura enorme que não consegui entender de que se tratava. Uma placa indicava uma Casa Românica e uma vitrine expunha os animais de pelúcia artesanais mais realistas e fofos que já vi.


Terminamos a caminhada num restaurante grego localizado numa rua secundária no Centro, e fechamos o dia com cerveja, uzo e a deliciosa comida grega ao lado de uma amimada roda 100% feminina e o característico atendimento acolhedor.


Amanhã, antes de seguir a Berlim, vamos explorar os atrativos da região e descobrir quem, afinal de contas, é essa tal Uta por quem deveríamos procurar (viaje na leitura do próximo post aqui.)


FOTOS DO DIA
Na Autoestrada

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Almoço, descanso e estradas secundárias

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Bad Koesen - Hotel

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(Bismark, Nietsche e Liszt)

Bad Koesen - Spa, passeio e jantar

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O Dia em Números:

Deslocamento:

  • Trajeto de Munique a Bad Kösen

  • Distância percorrida = 405 km ≈ Duração = 5h.

  • Início 10h - Fim 19h30min. 

Despesas Essenciais:

  • Combustível: € 24,66

  • Hospedagem em Bad Koesen: € 99,00

  • Alimentação: € 58,57

  • Atrações (piscinas termais): 2 x 7,50 = € 13,00

  • TOTAL: € 195,23

Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 0,00

  • SUBTOTAL B - € 0,00


 
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