Bárbara
- 18 de jan. de 2020

5° Dia - ACERTOS E DESACERTOS NA MANUTENÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO, ESCAPAMENTO E PNEUS - Hagen

Atualizado: 24 de ago. de 2021

xxxx — Falhas não abalam Gilson. (foto: Bárbara)

Epscheid, 29/07/2019 - Segunda-feira.

A falha elétrica ainda persistia e a moto amanheceu com a bateria quase completamente descarregada. Quando saímos de Hamburg, no primeiro dia da viagem, a tensão de carga na bateria apresentava 13,4V com o motor girando a três mil RPM e concluímos que estava tudo bem com o sistema elétrico da F650. Tínhamos o endereço da única oficina mecânica em Ennepetal, onde pretendíamos confirmar a suspeita do Gilson, depois iríamos a Hagen comprar a junta de escapamento, causa da barulheira infernal da moto quando o motor da Brigite funcionava.

Chegando a Hagen a falha se intensificou, Gilson mediu novamente a carga da bateria que estava por volta dos 10V e concluiu que ela não estava carregando, por isso achou mais sensato nem desligar o motor e ir direto à oficina.

"Na oficina ficou constatado o defeito no Regulador de tensão/retificador. A sugestão foi para deixarmos a moto na oficina e voltar de busão. Pensamos..., não! Não vamos deixá-la. Fizemos a F650 pegar no tranco novamente, e partimos para a loja Polo, comprar um carregador de baterias que já estávamos "namorando" (€30,00-€50,00), e no outro dia pela manhã traríamos a moto para a substituição do regulador. Depois de muita conversa na oficina o regulador de tensão foi encomendado. (aqui tudo tem que marcar hora, tudo tem que ser agendado com antecedência. Funciona muito bem assim.)" (Gilson)

Com medo de desligar o motor... - Fotos: Bárbara

O mecânico era jovem e parecia conhecer bem seu ofício, em poucos minutos retornou dizendo que estava tudo bem, exceto pelo regulador de tensão, que precisava ser substituído. A peça seria encomendada e chegaria no dia seguinte pela manhã. Pneus também poderiam que ser encomendados, mas chegariam em dois dias. Não pretendíamos esperar tanto, nossa intenção era procurar outras borracharias na região, mas encomendamos o regulador de tensão, compramos as velas de ignição novas e agendamos o conserto para o dia seguinte às 10h30min. Retornamos à Hagen, deixamos a bateria carregando na oficina da Harley Davidson que gentilmente ofereceu o espaço, tomada e carregador, e fomos às compras.

Na Harley Davidson - Fotos: Gilson

Subindo a Epscheid - Video: Gilson

Retornamos à Epscheid com o barulho infernal do escapamento. Ao chegarmos, Gilson desmontou o escapamento e constatou que a junta que une a curva de saída do escapamento ao tubo com o silencioso estava completamente deteriorada.

Esta junta é de um segmento de tubo feito de material para vedação e isolante térmico, trançado com aço, impregnado de grafite em pó. (Gilson)

Deixamos Brigite no jardim ligada ao carregador de baterias e caminhamos 1,5 km até o ponto de ônibus em Breckerfeld para pegar o ônibus de volta a Hagen e terminar a lista de compras. O ônibus chegou no horário exato indicado na planilha. Os ônibus são mais baixos que no Brasil e possuem um sistema pneumático que inclina o ônibus na direção do meio-fio deixando-o nivelado com o passeio público para facilitar a vida dos passageiros. Fantástico! Compramos com o motorista um bilhete para dois passageiros, válidos para o dia todo, já pensando na volta. O caminho por estradas rurais pelas montanhas passando por alguns aglomerados de casas, também foi muito bonito, levou 1h15min e duas baldeações até chegar a Hagen que é a maior cidade da região. Terminamos as compras na loja de artigos para motos e numa loja de material de construção onde compramos algumas ferragens. Por insistência do Gilson, que estava preocupado com a demora, retornamos à nossa base de táxi e os 19 km percorridos nos custaram € 40,90 (!).

Ônibus com baldeação - Fotos: Gilson

Já eram 19 horas quando retornamos a Epscheid. Depois de jantarmos com Margarete, Gilson desceu ao porão para adaptar a junta de vedação do escapamento ao diâmetro necessário. Esse trabalho foi rápido, e logo ele já estava sentado no chão ao lado da moto tirando o escapamento, inserindo a junta modificada e recolocando tudo de volta ao lugar.

Não encontramos a junta original da BMW F650 e tivemos que improvisar. Compramos uma peça de medida diferente, supostamente para outra moto (com diâmetro 32 mm. O tubo de escape original apresenta 30 mm). Partimos para a adaptação: Fizemos dois cortes em diagonal no tal tubinho e removemos os dois milímetros excedentes. Os alemães não precisam saber disso, hein? Principalmente os fabricantes da BMW. Dá B.O. Ah, ah, ah.. (Gilson)

Gilson trabalhando e Téo fiscalizando. - Fotos: Bárbara

O trabalho ali no quintal foi discreto e trabalhamos até às 22h05min, quando Gilson acionou o motor para ouvir o resultado. Foi perfeito, o ruído voltou aos parâmetros normais e o motor foi desligado imediatamente. Mas, antes disso, ouvi na casa ao lado alguém levantar da cadeira impulsivamente, e um arrastar de pantufas pela calçada em frente. Levantei os olhos e vi a vizinha parada de pijamas em frente ao portão reclamando que já passavam das 22 horas, que seu filho não parava de chorar e que não iria aceitar que fizéssemos barulho. Na verdade não havia nenhuma criança chorando, o silêncio era absoluto nas redondezas e o único som que se podia ouvir, com algum esforço, era a minha conversa com Gilson em volume baixo e o som abafado das ferramentas colocadas sobre a grama. Sem levantar da cadeira, eu disse a ela: - OK! Já terminamos. - e voltei minha atenção à busca por hotéis para o dia seguinte no meu celular. Gilson perguntou qual era o problema, eu traduzi o que ela havia vociferado e ele olhou para mim com incredulidade, mas disse calmamente para ela em português que já tinha terminado, estava apenas recolhendo e guardando as ferramentas. Ela continuava ali em pé, então traduzi o que ele disse e ela foi embora sem dizer mais nada...

Ganhamos uma bronca da vizinha porque estávamos trabalhando até as dez horas da noite, apesar da luz solar bem intensa para aquela hora. Entendo esse comportamento como sendo o fantasma do exagero nas relações humanas, que assombra alguns alemães mais conservadores. Os alemães sabem fazer máquinas e equipamentos como ninguém. Estradas, pontes, carros, aviões. Todo o tipo de edificações. Conflitos eles tratam com broncas. As vezes aos gritos. (Gilson)