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28° Dia: Uma cerveja na África? - Preparando o retorno ao Brasil

Atualizado: 24 de ago. de 2021


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Hamburg, 04/07/2018 Quarta-feira


Dormimos até mais tarde, mas, caramba, acordei com uma tremenda dor de cabeça de novo! Parece que a tensão muscular do início da viagem de ontem ainda não cedeu e a cachaça do jantar no restaurante grego pesou... Não lido bem com minhas dores de cabeça... Então, mesmo não gostando de tomar remédios, foi o que fiz, tomei de novo aquele analgésico alemão que me fez sentir tão estranha ontem e o efeito nesse dia não foi diferente...

A programação do dia era deixar a Brigite pronta para ser guardada e apta para venda, depois comprar um saco estanque novo para Lars, porque o dele ficou mais maltratado que já estava. Também precisávamos devolver os objetos que pegamos emprestados, e passar na casa da Hilla para ajudar na organização da mala da minha mãe, pois nosso voo de volta ao Brasil seria na tarde do dia seguinte.

Mas, Gerhard nos chamou para o café da manhã que ele preparou com carinho e reservou a manhã inteira para ficar conosco. E, da sua coleção de relatos de viagem, ele separou e nos mostrou uma brochura feita por ele mesmo, sobre aquela viagem feita aos 60 anos de idade com seu filho Lars. O motivo de ter escolhido especificamente aquele relato de viagem foi por ter sido a única que ele fez de moto, ele aprendeu a pilotar por causa dela. As motos utilizadas foram motinhas de baixa cilindrada, usadas, e de fácil manutenção.


O destino da viagem, que deveria ter sido a Rússia, foi abandonado por não terem conseguido todos os vistos necessários. Optaram então por mudar a rota até o sul da África numa viagem que deveria durar 6 meses. Partiram de Hamburg, passando pelos Gorges du Verdon na Provença, Marrocos e o Deserto do Saara. As dificuldades que enfrentaram, a doença que contrariam, as paisagens e culturas que vivenciaram estão cuidadosamente registradas nas fotos e na caligrafia das páginas daquele diário chamado de "Uma cerveja a 9.000 km". O ponto de retorno foi escolhido após se recuperarem de uma grave desinteira, e perceberem que o destino final dificilmente seria alcançado. Combinaram então de prosseguir apenas até a costa do Senegal, onde tomariam uma cerveja à beira-mar e retornariam de avião. Dessa forma, as motos retornaram num cargueiro via Rússia e eles se divertiram com a ideia de que pelo menos elas conseguiram ir para lá.


Clique sobre a imagem para ampliar ou sobre a seta para avançar.



Nossa viagem foi tão fácil e básica comparada a deles! Senti minha admiração por aquele tio crescer. Ele, que além de tudo ainda nos ajudou e estimulou discretamente de todas as formas para que nossa viagem se realizasse, sabia o que estávamos sentindo. Havia uma certa nostalgia na conversa pois ele, aos 85 anos e com algumas limitações físicas, já não se sentia mais capaz de viajar como antes, sendo que era isso o que mais gostava de fazer... Mas, era uma nostalgia positiva, pois conseguiu conhecer todos os lugares onde que quis ir, e foram muitos, muitos mesmo.


Sim, tivemos problemas na nossa viagem, com a moto, com o itinerário, conosco, com estranhos, mas isso só acrescentou desafios positivos à experiência e a deixou mais marcante que seria se tudo tivesse corrido como planejado, nos deixou mais despertos e unidos e proporcionou as melhores histórias que relatei aqui. Mas também tivemos muitos momentos fantásticos e apoio, da família que nos recebeu e ajudou de diversas formas, e de estranhos que cruzaram nossos caminhos e nos fizeram sentir bem acolhidos.


Lembrei-me de meu pai, que costumava dizer que as pequenas imperfeições é que dão o charme único, despertam a curiosidade e cativam o envolvimento. Ele considerava a perfeição monótona, talvez porque ela seja para quem gosta de previsibilidade e de exercer o domínio total. Temer o espontâneo pode ser um indicativo de medo, vaidade ou incapacidade de adaptação. Não estou estimulado ninguém a seguir o caos, apenas prefiro um caminho intermediário, com regras e com quebras, pois os lugares são muitos e diferentes, as pessoas são únicas, o tempo é individual e as possibilidades de combinação infinitas. Terminamos o café da manhã por volta das 12h. Minha dor de cabeça começava a diminuir e ainda tínhamos muito o que fazer.


À noite, de volta ao nosso anexo, Gilson pediu à nossa filha para encontrar aquele trecho final do filme de "Os Incríveis", com uma fala do personagem Flecha que resume com perfeição o sentimento que temos pela viagem que acabamos de fazer.


"Qual? Esse aqui?"


"Esse mesmo!"


Cena do Filme Os Incríveis

 

O dia em números:


Deslocamento:

  • Trajeto de Harburg a Hamburg e retorno:

  • Distância percorrida = 60 km ≈ Duração = 1h

  • Início 14h - Fim 21h

Despesas: Combustível € 0,00 Estacionamento € 0,00 Hospedagem € 0,00 Alimentação € 10,77 Ingressos € 0,00 Moto (peças e serviço) € 0,00 Presentes € 0,00 Outros € 0,00 TOTAL € 10,77

Serviço:

 

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