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Hamburg - 4 dias de Manutenção na BMW F650 ST - parte 1

Atualizado: 24 de ago. de 2021

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Os primeiros dias em Hamburg foram intensos. Não tínhamos muito tempo para deixar nossa moto apta a rodar e isso conflitava com o desejo de passar mais tempo com a família. Passamos esses dias divididos entre oficinas, comércio, família e manutenção da moto. Foi punk. Conseguimos realizar os trabalhos, mas não conseguimos dedicar a família tempo e atenção que ela merecia. A maratona começou assim que acordamos no primeiro dia após o desembarque em Hamburg e se estendeu sem trégua até o dia em que começamos a viagem de moto.


A primeira impressão não foi boa. Nossa BMW F650 ST ano 99 estava coberta de poeira e pólen que ficaram grudados na resina das árvores que se depositou sobre toda carenagem ao longo do ano em que ela ficou estacionada na garagem aberta do meu tio. Numa verificação mais atenta percebemos que não havia sinal de vazamentos, nem de óleo, nem de combustível. Ótimo.

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A torneira do tanque estava fechada para evitar vazamento através das cubas do carburador, como aconteceu no ano anterior (veja aqui), porém, com marcas de ter sido forçada com alguma ferramenta, indicando que meu primo, que não é Gilson-mãos-de-alicate, teve dificuldades em abrir o registro do tanque de combustível quando veio buscar a moto para a inspeção veicular. Pois é, de fato a torneira estava bem difícil de manipular, descobrimos isso no ano passado de um jeito nada seguro (veja aqui). Gilson veio preparado para fazer a manutenção e se não fosse suficiente, trocaríamos por uma nova. Com a chave na ignição em primeiro estágio, todos os leds acenderam. A bateria já tinha sido trocada pelo meu primo e estava cumprindo sua função. Farol, lanterna e setas estavam operantes. Certo! Se não soubéssemos que a moto já tinha rodado até a inspeção, Gilson não teria girado a chave e feito o motor funcionar. Mas ele girou e o motor pegou de primeira, forte e potente, o que provocou um sorriso de canto nos lábios do Gilson.

Aparentemente tudo estava bem, confirmando o laudo da inspeção veicular feito a poucos dias. Estando o básico do funcionamento garantido, era hora de começar os reparos listados pelo TÜV e aqueles que constavam na nossa lista particular.


Em nossa lista constava:


1. Troca dos rolamentos da coluna de direção¹,

2. Substituição do fluido de freio dianteiro e traseiro,²

3. Troca do pneu dianteiro³,

4. Substituição do óleo do motor,

5. Manutenção na torneira do tanque de combustível;

6. Substituição ou correção do pisca dianteiro,

7. Reinstalação da fonte 12/5 V para o celular,

8. Instalação da base do Top Case,

9. Possível troca da bateria.

10. Substituição do suporte do estojo da fechadura de uma das malas laterais.

Na lista do TÜV constava:

1. coluna de direção estava muito dura; 2. Pneu dianteiro com borracha ressecada e com fissuras³. (Observação no documento alertava que os pneus poderiam ser de modelos diferentes, mas necessariamente precisavam ser do mesmo fabricante); 3. Folga acentuada no sistema de atuação da suspensão traseira.¹

Começamos pelo que nos pareceu mais fácil, a instalação da base do Top Case de 45 litros. Mas não foi tão simples como parecia porque a furação da base não era coincidente com a do bagageiro da BMW. Isso nos obrigou a providenciar uma adaptação. Gilson projetou e construiu um sistema intermediário de fixação entre a base do Top Case e o bagageiro, que consistia numa chapa metálica perfurada, fixada primeiro ao bagageiro e que depois permitia fixar a base do Top Case nela. Ficou super firme e seguro. Mais uma vez me surpreendi com a capacidade do Gilson de resolver questões estruturais na moto com economia usando peças que o mercado oferece. Show!

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Passamos então ao que nos pareceu mais difícil, solucionar o problema da coluna de direção apontado pela inspeção veicular. Havia um leve desgaste nos rolamentos, mas Gilson não acreditava que fosse necessário fazer a troca, pelo menos não ainda. Este seria um trabalho extenso com uso de ferramentas especiais e, apesar de termos trazido os rolamentos novos, Gilson optou por não fazer a substituição e apenas atender ao item assinalado na inspeção. Ele removeu o guidom, soltou a porca central da mesa superior, afrouxou os 4 parafusos que fixam a mesa ao tubo interno da suspensão dianteira para, por fim, liberar a mesa superior. Dessa forma teve acesso a Porca Castelo da coluna de direção à que ele submeteu um giro de 1/2 volta, suficiente para liberar os esforços sobre os rolamentos, eliminando o excesso de aperto que havia sido constatado no ato inspeção veicular. A coluna de direção estava novamente livre, o que pôde ser constatado com a moto apoiada no cavalete central e a roda dianteira livre no ar. Nessa posição um leve toque numa das extremidades do guidom era suficiente para fazê-lo cair suavemente ao lado oposto, ao contrário do que acontecia antes da intervenção, quando ele ficava preso no meio do caminho. O desgaste nos rolamentos continuava ali, mas apenas uma mão muito experiente seria capaz de senti-lo.

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Para alimentar a bateria dos nossos celulares durante os deslocamentos reinstalamos a fonte de alimentação 12/5 Volts com os mesmos materiais do ano anterior, bem básico e simples, também uma criação do Gilson. O sistema consistia numa fonte originalmente usada no suporte de isqueiro de automóvel e um condutor paralelo com um dos fios ligado em série a um fusível 7,5 A no polo positivo da bateria. Desta vez apenas acrescentamos um interruptor porque a fonte continha um led que ficava constantemente ligado, mesmo com a moto estacionada.

Fonte alimentadora de bateria de celular com o cabo de carregamento acoplado. Foto: Bárbara

A caixa e o filtro de ar haviam sido limpos no ano anterior e ainda estavam ok. O pisca dianteiro direito passou na inspeção, mas a borracha na estrutura de fixação começava a se romper. Gilson construiu um reforço usando uma placa de alumínio, mas o resultado não foi satisfatório. Decidimos retirar a fita adesiva que reforçava a fixação e comprar outro pisca numa concessionária da BMW para fazer a substituição.

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A torneira do tanque também não teve conserto, sem possibilidade de trocar apenas o reparo de borracha, optamos por trocá-la por uma nova, completa e original da BMW.


Para fazer a troca da torneira do tanque de combustível era preciso removê-lo da moto, e para tanto, retirar toda carenagem dianteira e a tampa do tanque. Esta é parafusada em dois níveis: na carenagem e no tanque. Ao devolvermos as peças a seus respectivos lugares, não atentamos à posição da borracha de vedação da tampa do tanque de combustível, o que permitiu que os vapores do combustível escapassem para o exterior direto para o rosto do Gilson enquanto ele pilotava. Isso deixou ele puto! Tivemos que desmontar a tampa novamente e corrigir o problema no meio de um trajeto.


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Aproveitamos as compras na concessionária BMW e trouxemos também dois parafusos originais que faltavam para fixação da carenagem e um suporte de estojo para fechadura da mala lateral, que Gilson mesmo instalou, além do filtro de óleo do motor.


Trocar o óleo do motor nos colocou num dilema, fazer numa oficina ou no quintal? Na Alemanha o controle sobre agentes contaminantes e poluentes é severo, então não poderíamos deixar nenhuma gota de óleo penetrar no solo. Também não poderíamos descartá-lo de qualquer forma. Ele teria que ser levado ao centro de reciclagem de Hamburg, onde apenas residentes do município tem o direito de levar seus resíduos.


Hummmm...


Por outro lado, não conseguimos agendar o serviço em oficinas de moto, era verão e todas estavam lotadas de motos agendadas para revisão geral. Aqui as motos praticamente só rodam 6 meses por ano, quando o clima é favorável. Na Alemanha as coisas funcionam porque tudo é regulamentado, controlado e agendado.


- Êita! -


Ninguém tinha uma meia horinha livre para nós. Nem mesmo nas oficinas de carros, pois eles não tem autorização para trabalhar com motos. A solução veio de meu tio, que sugeriu que fizéssemos a troca de óleo no quintal e ele levaria o óleo usado num recipiente lacrado ao Centro de Reciclagem. Compramos 4 litros do óleo, mais barato diretamente do fornecedor. A compra do recipiente foi uma novela, porque não queriam vender um vasilhame com a tampa do outro vasilhame. A confusão estava criada porque o recipiente que correspondia à tampa estava esgotado, enquanto que os recipientes disponíveis eram todos sem tampa! Muita conversa depois, conseguimos efetuar a compra como pretendíamos. Mas ficamos sem um funil, que foi improvisado com uma garrafa pet sem fundo.

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Acho que este foi o serviço mais trabalhoso que fizemos. Espalhamos grandes sacolas plásticas sob a moto para evitar que o óleo que porventura vazasse do vasilhame abaixo dela se espalhasse pelo chão. Gilson não lembrava exatamente dos detalhes de como drenar o óleo usado, o manual de serviços original da moto também não era claro nessa informação. A BMW F650 ST usa a estrutura tubular do quadro para armazenar parte do óleo do motor. A tampa de controle do nível de óleo fica posicionada na parte superior, próximo à coluna de direção. O parafuso do dreno inferior fica abaixo da proteção do carter, que precisa ser removida soltando três parafusos. Com uma chave cachimbo, Gilson soltou o parafuso e abriu o dreno. Quando o óleo velho acabou de escoar, fechamos o dreno inferior. Depois, Gilson abriu a tampa lateral do filtro de óleo e removeu o filtro. Na sequência, colocou o filtro novo, já embebido em óleo, no seu alojamento e fechou a tampa lateral.


Usando a garrafa sem fundo como funil, despejamos o óleo novo até o volume de 2 litros, quando ele começou a transbordar, fazendo uma lambança. Ainda deveria caber mais no reservatório, o que indicava que deveria haver um dreno intermediário, o sangrador do reservatório do óleo. Mas, onde? Encontrar o dreno intermediário foi difícil. Somente depois de consultar a internet, encontramos o parafuso do dreno à meia altura, localizado na parte frontal do quadro, imediatamente abaixo do radiador. Uma vez aberto, o óleo velho jorrou por ali abrindo espaço para o novo. Fechado o dreno intermediário e a tampa do reservatório, Gilson fez o motor funcionar por algum tempo para que o óleo penetrasse em todos os espaços e lubrificasse o motor. Depois abriu a tampa novamente e completou o volume restante que penetrou até o volume exato indicado no manual do proprietário. Não podíamos lavar a moto ali no quintal, então usamos jornais para limpar o óleo transbordado sobre o quadro da moto e a parte anterior do escapamento. O vasilhame abaixo da moto foi lacrado contendo o óleo a descartar, a garrafa/funil, os jornais e sacolas plásticas sujos. Uma etiqueta adesiva identificava o conteúdo e a data para evitar acidentes. A moto teria que ser lavada num posto para remover o óleo de cima do escapamento, pois certamente o óleo queimaria em sua superfície assim que o motor começasse a funcionar. - Agora a lubrificação da corrente e... Pronto. - - Ufa! Acho que terminamos! -

- Uhu! Toca aqui! -


Amanhã será o dia do teste e vamos saber o que vai dar.

 

Manutenção em números:

  • Duração da manutenção: 4 dias

  • Serviços: 2 dias

  • Compras: 2 dias

  • Distância percorrida nos 4 dias de manutenção: 128 km


Despesas Essenciais (total de 5 dias em Hamburg):

  • Hospedagem: € 30,00

  • Alimentação: € 87,25

  • Deslocamento: € 38,92

  • Atrações: € 0,00

  • SUBTOTAL 1: € 126,17


Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 137,32

  • Ferramentas: € 37,39

  • Material de consumo: € 45,86

  • SUBTOTAL 2: € 220,57

 

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Notas:

¹ serviços não executados.

² Serviços executados parcialmente em outra etapa.

³ Serviços executados em outra etapa.


 

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