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24° Dia: Quando conhecimento e criatividade salvaram a viagem - Entre Walchensee e Munique

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Gilson antes de começar a trabalhar. Foto: Bárbara Schiemann

Munique, 30/06/2018 - Sábado


Depois do susto de ontem, acordamos cedo, tomamos o café da manhã e saímos logo para tentar encontrar dois O-rings que fizessem os carburadores da moto funcionar como devem. Fomos até a casa do vizinho do hotel que ontem nos emprestou os cabos e a bateria e também tem moto (KTM), talvez ele pudesse nos ajudar. Mas ele não estava...


Procuramos em toda aquela pequena comunidade, todos foram muito prestativos, procuraram em suas próprias oficinas náuticas, mas ninguém tinha os tais anéis. O óbvio então seria acionar o seguro, que levaria a moto até uma oficina, mas passaríamos o final de semana esperando por um dia útil. Num lugar tão bonito, essa ideia não me desagradou nem um pouco, mas a data para o retorno ao Brasil está próxima, não podemos perder tempo.


Então, o quê fazer?


Gilson já tinha um plano alternativo: Diz a lenda que um cirurgião usou adesivo instantâneo para estancar uma hemorragia. Foi o que o Gilson fez, comprou um tubinho do tal adesivo na loja de pesca e o usou para melhorar a vedação com uma fina camada do produto entre a sede e o corpo do carburador, preenchendo as porosidades e folgas da borracha do O-ring. Esse seria um reparo de emergência, que nos permitiria retornar a Hamburg para então substituir os anéis. Fizemos um teste antes para saber se a cola reagiria com o combustível e pareceu OK. Foram instantes de expectativa enquanto o Gilson, com mão firme, passava o adesivo e esperava a cura. Sem uma bomba de sucção para avaliar a estanqueidade, ele fez o teste com sopro e aspiração, e foi positivo, a válvula estava livre e a vedação presente!


O Filtro e sua caixa já estavam limpos e os carburadores montados, começamos então a remontar a Brigite na sequência inversa de ontem, debaixo de um sol impiedoso. Às 12h30m terminamos e chegou o momento de saber se todo aquele trabalho teve resultado: Gira a chave e ... Falha na partida!


- Nóissa-sinhóra-da-motocicreta! -


Gilson apertou os olhos, olhou pra mim e disse:


- Falha elétrica, ou esquecemos de ligar algo ou rompemos algum condutor. -


Seguindo o caminho da corrente elétrica, começando pela bateria, reapertou os contatos, mas a falha continuava. Ele percebeu que os terminais estavam oxidados, então lixou os contatos, religou os fios e a partida funcionou!


- Uhuuu! Toca aqui! -


Adoro isso no Gilson, é ele quem tem o conhecimento e encontra as soluções, mas divide a alegria e o mérito comigo!


Ainda dava tempo de fazer o check-out dentro do prazo, então limpamos, guardamos tudo e devolvemos o que foi emprestado. Subimos para tomar banho e arrumar a bagagem, pagamos a conta, agradecemos muito e 50 minutos depois estávamos na estrada.


Ainda meio tensos, ficamos aliviados em ver que Brigite respondeu muito bem a manutenção, inclusive com relação ao funcionamento do motor em baixa velocidade, que passou a operar dentro da normalidade! Agora sim!


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Depois do hotel mais "simples" de toda estada na Alemanha, situado num dos lugares mais bonitos por onde passamos, percorremos um curto e lindo trecho a caminho da autoestrada que nos levaria a Munique. A Deutsche Alpenstraße (estrada alpina alemã) que segue aqui pela B11 margeando o lago Walchensee, subindo e descendo o Kesselberg, um passo de montanha a 858 m de altitude, até o Kochelsee no outro lado do passo. São dois lagos enormes e bonitos, de águas cristalinas e de um verde fantástico. Pela manhã são espelhos serenos e à tarde superfícies crespas de brilho prateado.


Muito procurados nos finais de semana, tanto para passeios pelas trilhas e estradas, para subida de teleférico ao pico Herzogstand, como para atividades aquáticas, e era o que acontecia ali nesse dia. Por ser sábado havia trânsito intenso e é preciso ficar atento, pois há restrição para circulação de motos no sentido do Kochelsee a Walchensee nos finais de semana, o sentido contrário ao que percorremos.



Passo Kesselberg (video: Bárbara)

Do outro lado do passo paramos para abastecer e comer algo, dividindo a mesa com um senhor que nos alertou que o caminho mais bonito para Munique, o que pretendíamos seguir via Benediktenbeuren, dava num acesso a autoestrada que estava em obras e havia um enorme congestionamento até esse acesso. Sugeriu uma alternativa 20 km mais longa mas com trânsito livre, e foi o caminho que tomamos. A autoestrada também estava bem movimentada, mas sem caminhões que ficam proibidos de transitar aos sábados e domingos.


Paramos num posto para descansar, usar o banheiro e comprar chocolate, e enquanto esperava Gilson voltar, um rapaz que parecia um neohippie vestido com uma calça de veludo boca-de-sino costurada em patchwork, pedia carona ao motorista parado ao meu lado que lavava o para-brisas sujo de insetos. Pude observá-lo abordando todos os motoristas, e as constantes recusas o deixaram ansioso, ele foleava um atlas de estradas como se procurasse uma alternativa pra seguir a viagem. O rapaz não estava com sorte, mas antes de seguirmos, um senhor o aceitou e vimos o rapaz buscar um café pro motorista com o dinheiro que este lhe deu, depois entraram juntos no carro e partiram.


O hotel que eu havia escolhido antes de partir já estava lotado quando chegamos a Munique, então sentamos na cafeteria ao lado para pesquisar uma alternativa, bebendo refrigerante de maçã, uma das bebidas mais gostosas que conhecemos na Alemanha. Na mesa ao lado um senhor nos olhava com olhar sorridente e interessado, perguntou da placa da moto e contamos que era do norte da Alemanha, de uma cidade próxima a Hamburg, e ele comentou que lá era muito frio, dando bastante ênfase a essa informação. Conversamos com ele por algum tempo, era bem simpático e gostou de saber que éramos do Brasil. Mais tarde, num misto de vergonha e divertimento, entendemos a reação dele quando nos viu chegar: o chocolate, que tinha ficado entre o painel e o para-brisa da moto desde o posto do neohippie, havia derretido com o calor do dia e estava escorrendo ao lado do farol. Rá!


Encontramos outra opção de hospedagem pelo booking.com, é onde estamos agora confortavelmente instalados, no melhor hotel que ficamos em todo período, com garagem fechada, elevador, restaurante, e buffet de café da manhã até as 11h. Depois de toda tensão e trabalho que tivemos com a Brigite, o Gilson mereceu esse conforto.



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O dia em números:


Deslocamento:


  • Trajeto de Walchensee a Munique

  • Deslocamento = 115 km ≈ Duração = 1h45m (de hotel ao hotel final)


Despesas:

  • Combustível € 12,40

  • Estacionamento € 15,00 (do hotel)

  • Hospedagem € 123,00

  • Alimentação € 50,58

  • Ingressos € 0,00

  • Moto (peças e serviços) € 3,90

  • Presentes € 0,00

  • Outros € 5,00

  • TOTAL € 209,88


Serviço:

 

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